domingo, 13 de dezembro de 2009

Boas Festas!

Ontem por acaso enquanto procurava algumas músicas em meu computador, deparei-me com meus históricos do msn e curiosamente vi uma frase que estava como minha mensagem pessoal no ano de 2005: "Natal, natal... tempo de reflexões!"

Senti uma sensação estranha, foi como se fosse transportada para aquele momento novamente. Revivi tanta coisa perdida no tempo. Quais eram minhas reflexões? O que eu esperava do ano que se seguiria? O que, de tudo quanto desejava, alcancei?

A mesma data do ano está se aproximando e com ela a eterna mania do retrospecto. O ano de 2009 está acabando e muitos dos meus anseios vão ficar enterrados em mais doze meses que se juntaram.

Recentemente li uma coluna de jornal que falava sobre a invenção do ano. O ano composto por meses, doze ao total, que por sua vez são formados de dias, alguns 28, 30 ou 31. São 365 dias, ou a cada quatro anos 366, composto por 24 horas. É muito tempo. Tempo suficiente pra se cansar, pra planejar, pra dar certo, pra dar errado! É tempo que falta e que enjoa.
Então acontece o milagre: o ano novo! Todos compram roupas novas as escolhem segundo suas supertições! O mundo parece animado, ansioso pelo novo que virá e que dirá sobre a vida de cada um. O comércio lucra, as energias se renovam, os dados são lançados!

Meus planos ainda não estão prontos, como quase nada na minha vida está, já que transição é a palavra de ordem por aqui. Mas farei algumas apostas, talvez até repetidas, e também lançarei meus dados. Não que eu seja igual ou diferente da sociedade capitalista, mas enquanto o assunto for renovar eu estarei no meio.

Que venham as festas, os fogos, os brindes! Há de não me faltar algum motivo pra sorrir!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Fazendo escolhas...

O mês de outubro foi um mês muito corrido e acabei por não postar absolutamente nada aqui.
Também foi um mês de ruínas, de demolições estrondosas. Certa vez ouvi que para se criar algo novo, levantar novas estruturas, é preciso se despir de todo o resto. É, o resto foi embora: coisas enraizadas, coisas que jamais pude imaginar distância. Pra um mês de esperanças restou-me apenas seguir em frente.

E seguir em frente quer dizer apenas ver o dias passarem, fingir que faz coisas corriqueiras, andar pelas mesmas ruas com algumas peças de roupa diferentes. Significa apenas não pensar nos dias e em sua vida. Significa basicamente por um pé à frente do outro e retomar o aprendizado do primeiro ano de vida.

E vivemos retomando aprendizados, vivemos por repetição, por imitação de processos básicos e convencionados. Tantas coisas foram estipuladas, foram dadas por acabadas. Queria me sentir um ser acabado e pronto, talvez até convencionado. Mas o que mais me perturba é o fato de ser uma eterna busca de coisas talvez incompreendidas, que precisam passar pela apuração da sociedade.

Então todos se acabam e se constroem todo o tempo. Todos são muito e são nada ao mesmo tempo e ninguém sabe como isso acontece. Escolher uma ação é por reação excluir outra.




quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Engavetados

Engavetado [2]

Quando você não puder entender
o que de fato se passa num instante
compreenda que um momento pode ser o bastante
para um muito de tudo compreender.

Veja que de todos que te falam
muitos poucos lhe interessa ouvir.
E das muitas frases que se espalham
Poucas certamente hão de te seguir.

Por isso, saiba ler entrelinhas, as palavras
que algum dia por ventura escutou.
Pode ser que algum dia queira livrá-las
De um empoeirado caderno onde as guardou.


26/07/2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Boa viagem...

As malas estavam todas prontas! Organizadas por tamanho foram colocadas uma a uma no corredor próximo à porta. As bolsas de material resistente guardavam tudo o que ele poderia precisar durante aqueles três meses seguintes.
A cidade nova era interiorana e como tal, pequena. Os projetos deveriam ser muitos e a expectativa supitava-lhe os olhos. Ele estava pronto!
Com olhar perdido ela forçava a memória a fim de descobrir algo faltante, talvez meias ou a escova de dentes. Nada faltava.
Posta a bagagem no porta-malas e antes que ele pudesse se mover para junto do volante, ela o tomou pelas mãos e disse tudo aquilo que o protocolo de despedidas manda. Quis vacilar, mas antes que acontecesse um soluço, soltou-lhe e disse com voz surda:
_ Boa viagem...
Quando o carro arrancou sequer olhou para trás. Ela não estava pronta!





[ Que tudo dê certo, verde-esperança! ]

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Período de tempo livre entre dois períodos ocupados




Tudo passeava pelos meus olhos: assimetria de imagens, cores se misturando, se construindo.
Os comportamentos passavam em forma de pessoas andando.
As expectativas ilustradas nos olhares iam se transformando naquela janela transparente.
E a grama verde se desfazia enquanto o brilho do sol ofuscava os pequenos detalhes.
Os destinos, a estrada, as horas, a rotina e as incertezas desenhavam a paisagem.

Por um instante não acreditei em tudo aquilo que cabia em minha janela, quantas vidas poderiam caber?

Treinando amores.

Hoje eu amei um homem. Não o fitei por muito tempo, não sabia seu nome, não trocamos nenhuma palavra.
Era casado, devia ter filhos da minha idade. Seu rosto carregava as marcas dos dias, do sol, das estradas. Era fruto das suas vivências.
Não pude sorrir, não tive tempo para isso. Antes que a minha face pudesse demonstrar algum carinho, ele se levantou do banco e saiu.
Certamente, nunca mais o verei. Nem sequer me lembrarei do seu semblante. Essas coisas acontecem quando sentimos o que não podemos explicar.
Eu amei um homem comum, com anseios e inseguranças, com lembranças e tristezas.
Vi seus passos sumirem pela rua.
Há muito tempo deixei de amar pessoas pelo simples fato de serem pessoas normais. Hoje as coisas pareceram esperançosas para mim: eu amei a mim mesma ao amar tudo o que todo mundo é.

domingo, 27 de setembro de 2009

Engavetados

Hoje começo a sessão de poemas engavetados. Espero assim poder resgatar em mim algo que me motivou a escrevê-los num dado momento.


Engavetado [1]

O vão daquela pequena frase
Foi o último sorriso que vi.
E ao olhar pelo espelho a minha face
Pude ver a tristeza emanar de mim.

Naquele último ranger de porta
Ao batê-la e sair pela vida
Senti aquilo que todo coração porta
Ao perder tudo numa ida.

Pelas veredas corri sem pena
Do futuro que me acompanharia.
Notei que tudo tinha dimensão pequena
Perto do que certo ainda viveria.

E ao perceber a frieza de minha mão
Soube que não apenas ela estava.
Tudo naquela solidão
Tornava-me sórdida, gelada.

09/12/2005

sábado, 26 de setembro de 2009

Sequenciamento de uma não-sequência.

Resolvi voltar a postar textos aqui. Acho que será importante e uma experiência nova pra mim.

O texto a seguir foi escrito no carnaval de 2007. Minha nova sequência que não tem ordem cronológica! ^^



O interior dos homens.

Quando criança, morava numa cidadezinha do interior com poucas pessoas e muitos conhecidos. Como é típico de cidades pequenas a “minha” possuía uma Igreja católica matriz, uma pracinha, um supermercado(que de super não tinha nada), algumas crianças que sempre brincavam na rua, uma sorveteria, um banco e a casa da vovó.
No fundo, aquele era o lugar dos sonhos de todas as crianças do mundo. Um lugar tranqüilo onde podia-se ficar até tarde na rua e comprar pipoca feita na hora por um velho senhor que empurrava um carrinho. Era possível catar flores na praça e freqüentar a igreja sozinho, sem preocupar-se em perde-se ou arrumar encrenca com a mãe.
Mas sempre achei aquele lugar estranho demais. Parado demais, frio demais. Não sei se era porque eu sempre ia a Igreja aos domingos de manhã e me punha a discutir sobre tudo,mesmo com 6 pra 7 anos. Participei de muitas coroações e de muitas missas. Mas a indagação sempre permanecia.
Minha mãe nunca pareceu gostar de lá e meu pai parecia conhecer apenas aquelas redondezas, mas conhecia de uma forma inexplicável, conhecia com o coração, eu sentia que ele amava aquela tranqüilidade amigável bem ressaltada num poema de Drummond que fala sobre cidades interioranas.
O certo é que me mudei de lá, mudamos para uma cidade próxima a capital e me senti presa numa gaiola. Fui parar num apartamento não conhecendo ninguém do meu prédio.Mas não demorou muito pra eu fazer amizades com o pessoal, pessoas que até hoje vejo passar pelos corredores e portões deste mesmo lugar.
E uma das coisas que mais me impressiona,é que hoje, segunda-feira de carnaval, eu me encontro só em casa e ao olhar pela janela do meu apartamento,no quarto andar, me deparo com a mesma cena daquela cidade onde vivi meus primeiros anos de vida. Estranho como a tranqüilidade não está apenas em cidades com um pequeno número de habitantes.
Por vezes, ouvi dizer que cidades centrais são mais perigosas,que tem que se tomar muito cuidado com o que nos aguarda a cada esquina.
Penso que a sociedade acredita que o número de pessoas indica o número de erros e conseqüências. A matemática explicaria isso como proporcionalidade, a história diria que o homem é o lobo do homem.Eu diria que temos medo de viver. Medo do desconhecido e do conhecido demais.
Essa paz rapidamente vai passar,só basta chegar a hora de encarar os dias “úteis”. Dias úteis? Ah os dias úteis, são aqueles que eu vivia na “minha” minúscula cidade aprendendo a ser fria e ter medo dos próprios homens.


20 de fevereiro de 2007.