quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Transcendência

Não esperar pode ser uma espera eterna. Principalmente se o vazio falar mais alto que aquilo que preenche, ou se o valor for dado àqueles cuja certeza não é certa.
É como ver cartões bonitos e brilhosos de aniversário e não sentir que todos aqueles anos se passaram, que todo aquele frio passou, que toda expectativa ou felicidade passou.

Ver que os vestidos do guarda-roupa não são mais os mesmos, a maquiagem disfarça muito mais que as imperfeições da pele. Talvez dê aquele ar impetuoso que tenta parecer destemido e imponente, aquele do sorriso de batom vermelho que mancha os copos usados durante a noite.

É voltar para casa com os pés cansados, com a roupa impregnada de um cheiro insistente de cigarro, mesmo que nenhum cigarro tenha sido levado à boca, ou talvez tenha!
E passa a construir todos os dias a mesma esperança, os mesmos muros e os mesmos anseios que iluminam sua vida com uma espécie de neon.
Não duvido que tenha deixado pela vida algumas cartas não enviadas, alguns sorriso não dados, alguns choros não chorados e alguns poucos amores que puderam ficar pelo caminho. Algum carinho também pode ter sido perdido, mas alguns amigos foram conquistados.

É certo que depois de tanto tempo não tenha mais paciência para fingir certas coisas, que não queira negar sentimentos, nem mascarar ideais. Quando se chega a certa altura não há mais medo de pular, não há mais contas a pagar nem satisfações a dar. Num dado momento, ainda que nem tudo faça sentido, não mais se importa se fará. E vai esperando sem esperar...

E começa a sentir-se e assim passa a se amar.

Amor é aquilo que te norteia e desnorteia, às vezes.
Um texto dedicado a pessoa que mais transcendeu nos últimos tempos, que soube lidar com todos os altos e baixo e que ainda é capaz de atitudes que sempre surpreende a todos.
À minha amiga, Lilian.