domingo, 5 de dezembro de 2010

Migalhas aos Pombos

Numa tardezinha acinzentada, um banco de praça. Rotineiramente, passeava por ali e observava a vida passar por seus olhos.
As pessoas e sua pressa. As crianças e sua correria. A vida movimentada.
Em época de Natal a vida parece ganhar um gás a mais e tudo se torna aceleradamente acelerado.
Enquanto isso, seus olhos que já não se abriam mais como antes, atrapalhados pelas rugas, enxergavam tudo com bastante serenidade. Pode ser que a velhice tenha se apoderado da sua energia, da sua pele vistosa e de seus cabelos coloridos, mas ela trouxe consigo uma sabedoria e paciência que a juventude não possui.
Ficou ali sentado por uma hora inteira, não quis refletir sobre nada, não tinha pressa de que nada acontecesse. As expectativas não são mais aquelas que consumiam a sua alma. Quis apenas ficar em paz e respirar profundamente para que seus ouvidos pudessem escutar seus pulmões inflando.
Jogou as últimas migalhas aos pombos e sorriu. A certeza da tranquilidade não o tornava velho, mas completo.
Levantou e se voltou para casa, pode ser que a família já tenha começado a arrumar a mesa e os presentes.

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