sexta-feira, 25 de março de 2011

Vida em três tempos

Ela nasceu pequenina, uma boneca de pano, molenga, branquela, mas com vida. Em vez de chorar olhou fixamente os olhos do médico e de sua mãe. Começava ali, naquele frio hospital, a sua trajetória.
Quando aprendeu a equilibrar-se sobre suas duas pernas roliças se sentiu poderosa e dona de um dom sobrenatural. Era a gigante que esmagava as formigas, que corria atrás dos bichos e que podia fugir e chegar a qualquer lugar, mesmo o mais distante.
Aos seis anos dominou os lápis de cor e fazia pinturas majestosas dignas de uma verdadeira pintora. Criava desenhos extravagantes que iam além dos limites traçados pelo dever de casa dado pela professora primária.


A adolescência foi banhada por muita revolta e cores escuras. Bandas, tênis e roupas esquisitas. O disc man era o auge, as pilhas eram uma fortuna e as fantasias eram muitas. Época de grandes descobertas e façanhas.


A vida adulta enfim chegara. O dia esperado! A alforria. Ah! quanta vibração dentro do seu próprio coração. O som da maioridade parecia vir de uma potente caixa amplificadora.
Que maravilha! Era responsável por ela mesma. Por ela e pelas contas de luz, água, telefone, celular, aluguel, vestidos, sapatos, comida, baladas, viagens, gasolina, maquiagem, perfumes, jóias, bijuterias, Avon, Natura, Racco, Jequiti, Di Larouffe e o escambau à quatro que essas revendedoras adoram!

Ufa! Como é que faz para apagar o último parágrafo??

2 comentários:

Lilian Palhares disse...

- Amiga, se eu conseguir apagar... Te ensino.

<3

Sandra disse...

Ah faltou mencionar os artesanatos, rsrsrs