segunda-feira, 30 de maio de 2011

Amor de Menina

Ele parecia não entender a dimensão do que ela falava. Dividir desejos tão íntimos não são feitos sem ritos de passagem, sem toda uma preparação.

Quando ela se apaixonou bobamente já imaginou o sobrenome dele fazendo parte do seu. E repetia seu "novo" nome olhando para um espelho. A escolha dos nomes dos filhos seria o próximo a se fazer.

Mas o véu e a grinalda são o passo mais largo, mais distante e mais secreto. As revistas de noivas são expiadas com cautela de maneira que ninguém percebesse. As conversas com amigas serviam para dar mais segurança ao introduzir o assunto, enquanto as madrinhas já começavam a disputar o bouquet.

Contudo, ele tinha os olhos frios e profissionais. Não aqueles que a amavam enquanto seus corpos se entrelaçavam. Mas quão apressada ela poderia ser, comparada ao seu coração que tremia no peito?

Contrariando tudo que existe nas convenções e acordos pré-nupciais, ela desejava apenas olhar seu rosto amassado pelas manhãs. Sentir seu perfume no lado esquerdo da cama. Passar seus domingos com jeito familiar.

Esquecia-se, agora, de todos os outros detalhes negativos, não fazia conta deles! Era apenas um moça que bordava, costurava, cozinhava, trabalhava, lia, discursava, aprendia e ensinava. Ela amava e só esperava o mesmo para si.






10/05/2011

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